Como
era bom abrir a janela e sentir o cheiro das flores das laranjeiras e
jabuticabeiras!
Da
janela do meu quarto podiam-se ver frondosas fruteiras. Uma jabuticabeira e um
pé de laranjas baianas eram as mais próximas.
O pomar se estendia do lado direito da casa com vários tipos de fruteiras e oferecia aos meus olhos uma visão panorâmica que só alcançava as copas das árvores.
A maior riqueza do pomar eram os pés de laranjas da Bahia ou baiana. As laranjeiras se adaptaram tão bem ao o clima e os bons tratos, que produziam frutos lindos, enormes, cada um com um filhotinho na ponta; eram tão grandes e saborosas que uma pessoa mal dava conta de comer uma.
O pomar se estendia do lado direito da casa com vários tipos de fruteiras e oferecia aos meus olhos uma visão panorâmica que só alcançava as copas das árvores.
A maior riqueza do pomar eram os pés de laranjas da Bahia ou baiana. As laranjeiras se adaptaram tão bem ao o clima e os bons tratos, que produziam frutos lindos, enormes, cada um com um filhotinho na ponta; eram tão grandes e saborosas que uma pessoa mal dava conta de comer uma.
Nunca
mais pude ver aquela qualidade de laranja, não com aquele sabor, sem ser doce e
nem ácido, aquela textura, aquele volume de suco... Eram tão grandes que uma
penca poderia quebrar o galho onde estivessem seguras.
E
as jabuticabeiras! Meu Deus, que delícia poder chupar jabuticaba no pé!
Escolher as maiores, as mais maduras e suculentas! Pena que a temporada era
curta... mas eu ainda a alcançava nas férias. Era uma festa que eu celebrava
sozinha porque quando eu chagava do internato, a temporada da jabuticaba estava quase no final. Para que
eu pudesse alcançar o final da produção, papai reservava, com alguns cuidados
especiais, pelo menos um dos pés só para
os que estavam fora.
A
mangueira era uma frondosa árvore, tronco e galhos grossos que proporcionam toda fantasia e diversão peculiar a uma garota
que vive só. Conforto, bem estar e posso dizer... cumplicidade! Era ali que eu
passava grande parte da minha infância com minhas “comadres” imaginárias
brincando de casinha. Muito raramente tinha alguém de verdade brincando comigo.
O
abacateiro, coitado, todo ano na época de São João levava uma surra de vara de
marmelo tostada na fogueira. Era para “aprender” a dar fruto. Era uma arvore
alta, linda, mas não produzia. Havia outras fruteiras que também “apanhavam” –
uma macieira e uma mexeriqueira. Recordo que tanto o abacateiro como o pé de
mexericas poncãs, agradeceram ao “tratamento”, mas a macieira... por certo não
bastava a surra! Não posso dizer se a qualidade das frutas foi também
influenciada pelo dito “corretivo,” provavelmente os bons cuidados e a terra,
contribuíram. O que sei é que eram frutos maravilhosos, tanto as poncãs quanto
os abacates!
Outras
qualidades de laranjeiras também faziam parte desse pomar, como a da ilha e
outras comuns, que se não perdiam, era porque mamãe procurava jeito de aproveitar um pouco da produção, no
caso das laranjas, fazendo vinho artesanal.
Bem
próximo da casa, mas distante da minha visão da janela, estava uma das moitas
de bananeira a mais antiga. A banana maçã colhida ali naquela touceira, era
doce como mel. Mais para o fundo do quintal outras moitas de outras qualidades
como a marmelo e a nanica que eram usadas para fazer doce.
O
rego d’água corria cortando o pomar quase na diagonal. Sua nascente era bem
acima. Um braço artificial de um córrego que na seca quase parava de correr, foi
o recurso de que papai usou para abastecer o bebedouro do gado, o monjolo, o pomar e o
chiqueiro. Papai usava o sistema de irrigação convencional. Abria desvios no
rego para que a água pudesse correr pelo quintal e molhar as fruteiras. Esse
por certo era um dos itens de preservação e cuidado que faziam toda a diferença
na qualidade da produção frutífera daquele pomar.
A
fazenda “acordava” ainda com o escuro. O sol mal se mostrava por uma barra levemente amarelada no
horizonte, já os galos, os bezerros e as vacas iniciavam a algazarra salutar e alegre da saudação ao novo dia! Mas eu continuava dormindo...
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