Depois de uma longa temporada distante do meu blog aonde
e dentro do qual vou refazendo o meu passado volto escarafunchando minha
memória, nos longínquos anos da década de 1950 no internato em um colégio no sudoeste do Estado
Minas Gerais.
Quero recordar aqui que
entre 1949 e 1960 estive
estudando em tradicional colégio cuja rigidez e disciplina assemelhava-se ao
regime militar. Só não éramos obrigadas
a bater continência, entretanto, o respeito, a obediência à hierarquia,
a disciplina rigorosa, o temor às penalidades se assemelhavam bastante. Uma
campainha ou uma sineta, sempre avisava que a hora havia chegada para
interrompermos o que estávamos fazendo e
iniciar outra atividade. Esse movimento era sempre feito em fila e em silêncio.
Em um desses momentos, depois do recreio do jantar, já
na volta da capela, onde tínhamos passado quase uma hora ( rezando umas,
cochilando outras, em devaneios a maioria) aconteceu um fato bastante
engraçado.
O colégio estava
em reforma, em construção de uma laje no piso superior que faria a ligação
direta entre a ala dos dormitórios e capela, e a das salas de aula e outras dependências.
Essa providência foi para que o percurso entre os locais se fizesse com menor
tempo e desgaste físico. O trajeto entre as duas alas era feito dando-se uma volta subindo e
descendo escadas ou passar sob a laje em
construção, isto é , entre as escoras de madeira que mais parecia uma
floresta, que nesse momento se encontrava no escuro. A passagem por ali ainda
não estava liberada por causa dos entulhos; não sei por que, naquele dia,
mudaram-se as ordens.
Havia uma porta
que ligava um corredor a essa área escura
de uns 20m por onde deveríamos passar caminhando até a outra ala. A ordem para a garota que estava na frente da fila era
para que acendesse as luzes do lado de fora antes que abrisse a porta. Mas ela
se esqueceu desse detalhe e a porta foi escancarada.
Ora, o que aconteceu a seguir foi um somatório de atos
impensados de mentes se refazendo da quietude mental de momentos anteriores. Ao abrir a porta o
impacto com o cenário foi assustador! Alguém “viu” um homem ali e começou a gritar: um homem!...Um homem!...
a fila toda vira-se em sentido contrário de uma só vez atropelando quem ainda
estava dormindo, numa gritaria só, em
desespero como um estouro de boiada.
O desenrolar desse acontecimento ficará para o próximo
post. Aguardem!