segunda-feira, 22 de abril de 2013

A passagem assombrada (I)



Depois de uma longa temporada distante do meu blog aonde e dentro do qual vou refazendo o meu passado volto escarafunchando minha memória, nos longínquos anos da década de 1950 no  internato em um colégio no sudoeste do Estado Minas Gerais. 

Quero recordar aqui que  entre  1949 e 1960 estive estudando em tradicional colégio cuja rigidez e disciplina assemelhava-se ao regime militar. Só não éramos obrigadas  a bater continência, entretanto, o respeito, a obediência à hierarquia, a disciplina rigorosa, o temor às penalidades se assemelhavam bastante. Uma campainha ou uma sineta, sempre avisava que a hora havia chegada para interrompermos  o que estávamos fazendo e iniciar outra atividade. Esse movimento era sempre feito em fila e em silêncio.

Em um desses momentos, depois do recreio do jantar, já na volta da capela, onde tínhamos passado quase uma hora ( rezando umas, cochilando outras, em devaneios a maioria) aconteceu um fato bastante engraçado.

 O colégio estava em reforma, em construção de uma laje no piso superior que faria a ligação direta entre a ala dos dormitórios e capela,  e a das salas de aula e outras dependências. Essa providência foi para que o percurso entre os locais se fizesse com menor tempo e desgaste físico. O trajeto entre as duas alas  era feito dando-se uma volta subindo e descendo escadas ou  passar sob a laje em construção, isto é , entre as escoras de madeira que mais parecia uma floresta, que nesse momento se encontrava no escuro. A passagem por ali ainda não estava liberada por causa dos entulhos; não sei por que, naquele dia, mudaram-se as ordens.

 Havia uma porta que ligava um corredor a essa área  escura de uns 20m por onde deveríamos passar caminhando até a outra ala.  A ordem  para a garota que estava na frente da fila era para que acendesse as luzes do lado de fora antes que abrisse a porta. Mas ela se esqueceu desse detalhe e a porta foi escancarada.

Ora, o que aconteceu a seguir foi um somatório de atos impensados de mentes se refazendo da quietude mental  de momentos anteriores. Ao abrir a porta o impacto com o cenário foi assustador! Alguém “viu” um homem  ali e começou a gritar: um homem!...Um homem!... a fila toda vira-se em sentido contrário de uma só vez atropelando quem ainda estava dormindo, numa gritaria só, em desespero como um estouro de boiada.  

O desenrolar desse acontecimento ficará para o próximo post. Aguardem!

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